quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Carta 2 Planeta Suriana

Sei bem do que diz. Pior esses que nunca se concretizam, que morrem sem nunca terem nascido ou que nasceram na berlinda, culposos e retardados de si mesmos! Queria nunca ter vivido tanta coisa assim. Agora, tenho só a companhia das estrelas solitárias, que não se encostam, que são como eu, pedaços de poeira cósmica.
Às vezes, sinto que perdi tudo e que tudo me contém em desespero único. Prefiro estar só aqui em cima, cuidada pelo oxigênio da máquina. Vez ou outra, um comando vocal insurge pela nave, um contato próximo e distante. Às vezes, também sinto falta de abraços e cuidados. Mas, escolhi esta vida solitária aqui em cima. Quando vou ao chão, as pessoas me olham e não as deixo aproximarem-se, meu caro!
Uma estrela morreu logo ali no canto da galáxia. Minha hora de voltar para o chão se aproxima e sinto já o leve tremor da volta e o tempo de permanência na atmosfera quase me enlouquece. O que faz quando seus pés tocam uma vez mais a terra? Queria saber lidar com as pessoas que me permeiam o caminho, mas, eu me sinto tão débil e idiota perante elas que palavra nenhuma sai. Apenas converso com as estrelas e os meteoros, que logo partem para sua distinta trajetória.
Acho que, em breve, nos veremos em solo!

Dandara

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